quinta-feira, 6 de novembro de 2014

DIFERENÇAS GEOGRÁFICAS NO BRASIL ALTERAM TIPOS DE CÂNCER DE MAMA

A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) divulgou recentemente os resultados de um estudo que comprova que as diferenças geográficas podem alterar os tipos de câncer de mama. As mulheres das regiões Sul e Sudeste, por exemplo, apesar de maior incidência do câncer de mama, apresentam tumores menos agressivos. Já as do Norte e Nordeste têm menor frequência de casos, mas tumores mais agressivos. Segundo a patologista Filomena M. Carvalho, membro da SBM e que liderou a pesquisa, esse fato é atribuído à grande diversidade econômica, racial, cultural e ambiental que o Brasil oferece e demonstra a importância de aplicar estratégias de abordagem diferentes ao câncer de mama, levando em consideração a localidade. Os pesquisadores estudaram os casos de 5.687 mulheres, no período de dois anos, provenientes de todas as regiões brasileiras. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), as regiões Sul e Sudeste apresentam as maiores incidências, ou seja, 71 casos para cada 100 mil mulheres, enquanto que a menor incidência é vista na região Norte, com 21 casos para cada 100 mil mulheres. Considerando o alto grau de miscigenação da população brasileira, não se pode negar que outros fatores contribuem para as diferenças encontradas, tais como o clima, hábitos alimentares, fatores culturais e grau de industrialização. O Sul e o Sudeste têm maior contribuição de descendentes de europeus: assim como as mulheres europeias, as brasileiras destas regiões têm histórico de tumores menos agressivos. Já as regiões Norte e Nordeste têm a maior contribuição de descendentes africanos. “Outros trabalhos científicos da literatura internacional já apresentaram dados que mostram que mulheres afrodescendentes apresentam tumores mais agressivos” explica Filomena. “Para entender melhor a biologia do câncer de mama em países grandes como o Brasil, com diversificada composição econômica, racial e climática entre as regiões geográficas, são necessários estudos para optimização de investimentos estratégicos e atenção às minorias”, ressalta Filomena. Os diferentes tipos de câncer têm apresentação clínica, evolução e resposta aos tratamentos convencionais bastante diversos, mas todos merecem atenção para o diagnóstico o mais precoce possível.

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